Um pouco mais sobre robôs

Nos artigos anteriores analisamos os benefícios de utilizarmos estratégias automatizadas para operarmos na bolas de valores.

Concluímos que os robôs acabam sendo uma eficiente ferramenta para nos capacitar a negociar no mercado, observando os fundamentos mais importantes encontrados nos traders profissionais de sucesso.

Utilizando de forma correta os robôs para realizarem nossas negociações, estaremos alinhados com os conceitos de disciplina, imunes aos problemas relacionados à capacidade psicológica, utilizando um plano de trabalho e observando de forma responsável a gestão do risco.

Para entrar um pouco mais a fundo no mundo dos robôs, é importante traçarmos um paralelo entre a forma de operação e obtenção de resultados de um trader humano e o modelo de negociação e a obtenção da performance ao usarmos uma estratégia automatizada.

Muitos traders profissionais podem até operar de forma extremamente mecanizada, seguindo uma sistemática metodológica para realizarem suas operações, porém, o fator humano sempre vai estar presente nas suas decisões.

Percebemos a presença deste lado humanizado de operar, a partir de alguns artifícios utilizados pelos mestres traders que, atualmente, ainda não conseguimos embarcar na programação dos robôs.

Por mais que suas operações sigam os fundamentos técnicos que estudamos, o trader profissional acaba realizando muitas de suas operações de olho em aspectos que ainda não conseguimos embutir na programação do racional dos
robôs.

O trader pode iniciar ou desistir de uma operação fazendo uma avaliação mais abrangente e dando pesos diferenciados a determinados fatores de difícil mensuração.

Muitas vezes o operador decide por um trade baseado em alguns movimentos dos preços, em determinados horários, mesclado com o volume de negócios naquele momento, de olho na conjuntura econômica internacional e fazendo
uma comparação mental com cenários parecidos que já tenha experimentado, resolvendo se vai comprar ou vender e até onde pretende levar a operação.

Chamamos a isso de trade discricionário, onde o conjunto de informações utilizadas ou descartadas pelo trader faz parte de sua experiência pessoal e dificilmente conseguiremos parametrizar e transformar em um algoritmo todas as varáveis que levaram o profissional a tomar sua decisão.

Quem já não viu um trader profissional dizer que não iria operar naquele dia por não estar se sentindo bem?

Isto é perfeitamente normal, compreensível e impossível de ser programado.

Observamos também que os trades discricionários acabam tendo uma concepção mais parecida com uma aposta, apesar de estar cercado de muitos elementos que apontem algum tipo de certeza de direção, esta certeza não é
cabal e talvez aquela conjunção de fatores demore ou mesmo não aconteça novamente.

Após iniciado o trade, qualquer resultado pode acontecer.

E, por vezes, não conseguimos entender a lógica exata por trás do start de uma operação.

Um pouco dessa visão se deve à aplicação, em um mesmo pregão, de várias técnicas diferentes, pois o trader profissional não fica procurando apenas um cenário de condições se formar para iniciar seus trades, mas um conjunto de cenários por ele conhecidos e que, dentro da sua experiência lhe indicam a possível direção que os preços devem seguir.

E é neste aspecto que reside a diferença fundamental entre o trader humano e a estratégia automatizada, o uso simultâneo de vários possíveis contextos e diferentes varáveis, sendo algumas delas subjetivas, para indicar o início e
direção de cada um de seus trades.

Nos robôs atuais, com a tecnologia que temos disponível, ainda não é possível a programação e o uso de um modelo que pareça discricionário para realizar operações na bolsa.

Desta forma, os robôs utilizam outra forma para buscar resultados positivos em um processo, e alcançar a consistência desejada na bolsa de valores, forma que está baseada na repetição de procedimentos.

Alguns autores já demonstraram, lançando mão de teorias estatísticas, que a replicação de procedimentos idênticos, em uma quantidade de vezes muito grande, pode ser utilizada em nosso favor quando atuamos em um universo caótico como o das negociações na bolsa de valores.

Um exemplo que ilustra esta teoria de forma didática, é o da moeda no jogo do cara ou coroa.

Se lançarmos uma moeda para o alto, ela pode cair com qualquer uma das duas faces voltadas para cima e, como a moeda só tem duas faces, deduzimos que cada uma tem 50% de probabilidade de ficar no lado superior após cada queda.

Logo, em um raciocínio mais simplista, mantida esta razão de probabilidade, se lançarmos esta moeda duas vezes para o alto, ela deveria cair uma vez com a cara e a próxima vez com a face da coroa voltada para cima.

Porém, sabemos que isto não é verdade. Dizer que cada face da moeda tem chances iguais de estar voltada para cima
após a moeda lançada cair, não significa que em um número limitado de lançamentos, verificaremos o cumprimento fiel desta estatística matemática.

É possível sim, e até normal, que possamos ter o resultado em até três vezes seguidas ou mais, da mesma face sendo comtemplada com a aparição após a queda.

Mas, sabemos também que, na medida que lançamos quatro, cinco ou mais vezes esta moeda para cima, mais difícil será que a mesma face siga aparecendo em todas as quedas.

Até chegar o momento em que, fatalmente, a outra face será a comtemplada com a aparição.

Desta forma, podemos concluir que, a cada novo lançamento, cada face da moeda irá manter seus 50% de chance de ser a vencedora, e também podemos verificar que, não necessariamente, cada face irá vencer uma vez a cada dois arremessos, podendo acontecer vários arremessos seguidos com a mesma face sendo a vencedora.

Porém, podemos afirmar com certeza, baseados no conhecimento estatístico, que, se lançarmos a moeda mil vezes para cima, teremos uma resultado muito próximo de 500 vezes para cara e 500 vezes para a face coroa, podendo até resultar em uma quantidade um pouco maior para um lado ou um poco maior para o outro, mas nenhuma diferença significativa que possa abalar o apontamento estatístico de que a probabilidade de cada face obter metade dos resultados seja desacreditada.

Após esta rápida ilustração podemos avançar um pouco mais neste universo da estatística, imaginando um experimento simples.

Vamos supor que coloquemos na moeda um pequeno contrapeso em uma de suas faces fazendo com que, ao ser lançada para cima, esta face aumente sua probabilidade de cair voltada para cima ou para baixo, deslocando aquela
chance estatística da face coroa de 50% para cada lado, para 60% para uma das faces e 40% para a outra.

Com isso seria visto na nossa análise de campo?

Se lançarmos umas poucas vezes a moeda para o alto, talvez obtivéssemos resultados idênticos aos obtidos no primeiro exemplo, de quando as duas faces tinham chances iguais de caírem voltadas para cima, visto que o nosso contrapeso, inflexionou de forma apenas sutil os resultados em favor de um dos lados.

Porém, se lançarmos mil ou mais vezes, perceberemos que um dos lados alcançará próximo a 600 vitórias e a outra face, algo em torno de 400, cumprindo o roteiro determinado pelos cálculos estatísticos, de acordo com o novo fator de probabilidade imposto à moeda.

Entendendo a matemática por trás deste exemplo descrito acima, iremos entender a lógica por trás das estratégias automatizadas embarcadas nos robôs.

Como os robôs são capazes de repetir um determinado conjunto de procedimentos de acordo com o que foi gravado em sua programação, esta repetição à exaustão de um procedimento que foi configurado para pender para o lado que nos interessa, estatisticamente deve resultar em ganho em nosso favor.

Assim, todo o robô é desenvolvido para repetir procedimentos de acordo com regras previamente configuradas, pesquisadas e desenvolvidas com o objetivo de potencializar o número de operações com acerto em relação ao número de operações erradas.

Eles realizam o mesmo procedimento, de acordo com sua programação, todas as vezes que se formar o cenário previsto e indicativo para iniciar seu trade, sem a necessidade de acompanhamento constante de seu usuário, que pode se dedicar à outras atividades enquanto o seu robô realiza as negociações no mercado financeiro.

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